sábado, 27 de setembro de 2008

Santos-dumont x irmãos wright: a polêmica do primeiro vôo



Santos-Dumont x irm
ãos Wright: a polêmica do primeiro vôo A polêmica estabelecida com relação à prioridade do vôo do “mais pesado que o ar”, envolvendo o brasileiro Alberto Santos-Dumont e os americanos irmãos Wright (Wilbur Wright e Orville Wright), deve ser apreciada com a atenção que merece, tendo em vista a documentação da época e as pesquisas desenvolvidas por diversos historiadores. De forma reduzida, já que o assunto abordado demandaria muitos pixels, a sintetização dessa antiga divergência: (1) O primeiro vôo de Santos-Dumont ocorreu em 23 de outubro de 1906, no Campo Bagatelle, em Paris/França, com o seu famoso avião “14-Bis”. O primeiro vôo alegado pelos Irmãos Wright foi em Kill Devil Hill, 4 milhas ao sul de Kitty Hawk, em Ohio. Data indicada: 17 de dezembro de 1903. (2) No vôo pioneiro de Santos-Dumont, milhares de pessoas encontravam-se no Campo de Bagatelle, que para lá acorreram em decorrência das notícias divulgadas pela imprensa local. Esse vôo foi filmado por uma empresa cinematográfica (“Companhia Pathé”), todos os preparativos do vôo foram fotografados e a grande vitória alcançada por Santos-Dumont foi noticiada pelos mais importantes jornais do mundo. O Aeroclube da França registrou o acontecimento em ata especial. No vôo dos Irmãos Wright, segundo sua própria biografia, estavam presente cinco testemunhas. Nada foi filmado e noticiado na imprensa norte-americana. Somente alguns anos após, eles exibiram fotografias da “decolagem” de seu avião, dizendo que foram batidas em 1903 mas sem qualquer comprovação. (3) A expectativa quanto ao provável vôo de “um aparelho mais pesado que o ar” (o avião), era tão latente que, em julho de 1906 havia dois prêmios de aviação a disputar: um oferecido pelo Aeroclube da França (1.500 francos, para um vôo de cem metros de distância) e outro, oferecido pelo Sr. Ernest Archedacon, o “Mecenas da Aviação” (três mil francos, para vinte e cinco metros de distância. Isso mesmo: 25 metros!). O fato de existir, em 1906, um prêmio para um vôo de 25 metros de distância, comprovava que até então nenhuma pessoa conseguira cumprir tal missão, decolar com um avião usando exclusivamente os recursos de bordo. Se os Irmãos Wright “voavam” desde 1903, por que não se candidataram aos valiosos prêmios? Os Estados Unidos tinham uma representação diplomática em Paris “para a qual não deveria constituir segredo o ‘êxito’ dos Wright. Por que não esclareceram o Aeroclube da França a respeito? (se é que os tais irmãos tinham mesmo feito alguma coisa) (4) Os únicos monumentos erigidos em Paris, homenageando-se um estrangeiro, no caso Santos-Dumont, foram inaugurados em 1910 (um marco de granito, no próprio Campo de Bagatelle ) e outro, em 1913 ( o “Ícaro de Saint-Cloud”, na Praça Santos-Dumont ). No 1º, está gravado na pedra: “AQUI, EM 12 DE NOVEMBRO DE 1906, SOB O CONTROLE DO AEROCLUBE DA FRANÇA, SANTOS-DUMONT ESTABELECEU OS PRIMEIROS RECORES DE AVIAÇÃO DO MUNDO”. Obs. – A data corresponde ao 2º vôo do 14-Bis. No 2º monumento, há uma placa com os seguintes dizeres: “ESTE MONUMENTO FOI ERIGIDO PELO AEROCLUBE DA FRANÇA PARA COMEMORAR AS EXPERIÊNCIAS DE SANTOS-DUMONT, PIONEIRO DA LOCOMOÇÃO AÉREA. 19 DE OUTUBRO DE 1901 E 23 DE OUTUBRO DE 1906”. Obs. – A 19 de outubro de 1901, foi a vitória obtida por Santos-Dumont com seu balão-dirigível n.º 6 (“Prêmio Deutsh”). E os Irmãos Wright? Nenhuma placa, nem marco, nem monumento, pelos menos em Paris. (5) Santos Dumont escreveu: “Os partidários dos Irmãos Wright pretendem que estes voaram na América do Norte de 1903 a 1908. Tais vôos teriam tido lugar perto de Dayton, num campo ao longo de cujo limite passava um bonde. Não posso deixar de ficar profundamente espantado por este feito inexplicável, único, desconhecido: durante três anos e meio os Wright realizaram inúmeros vôos mecânicos e nenhum jornalista de tão perspicaz imprensa dos Estados Unidos se abalança a ir assisti-los, controlá-los, e aproveitar o assunto para a mais bela reportagem da época. Como imaginar, então, que na época os Irmãos Wright descrevam círculos no ar durante horas sem que ninguém disto se ocupe?” (6) Os prêmios estabelecidos na França referiam-se ao vôo de “um aparelho mais pesado que o ar” (o avião), saindo do chão com os próprios recursos a bordo. O 14-Bis fez a sua corrida no solo, saiu do chão, ganhou altura e pousou em seguida, usando trem de pouso (duas rodas), como todos os aviões. O avião dos Irmãos Wright era um planador, equipado com motor (extremamente ruidoso), e lançado através de uma catapulta, ganhando velocidade sobre trilhos montados no chão. O avião não tinha sequer rodas! Após qualquer pouso, os Wright tinham que transportar todo o material (torre do pilone, pilone, trilhos, cordas, etc.), para que nova decolagem fosse possível! Em conclusão: o “avião” dos Wright não decolava, e sim era catapultado. E somente voava quando havia vento... Quando eles surgiram em Paris em 1908 (dois anos após os vôos pioneiros de Santos-Dumont com o 14-Bis), a engenhoca ainda não tinha rodas! (7) Em artigo publicado na revista “Century Magazine”, os tais Irmãos Wright declararam “ter convidado em 1904, representantes de todos os jornais de Dayton (Ohio), para assistirem a um vôo seu, vieram 12 repórteres, e o avião não voou; regressaram no dia seguinte, a pedido, e novo fracasso presenciaram. Então, ignorando a diferença essencial entre dirigíveis e aeroplanos, nunca mais os jornalistas prestaram atenção ao que fazíamos.” (8) As atividades dos Wright sempre estiveram envolvidas em mistério; suspenderam seus vôos de outubro/1905 a maio/1908. Quais as razões? A “Illustrated London News”, de 26 de setembro de 1908, afirma: “Os Irmãos Wright, de fama aviatória, cujas experiências na América se envolveram durante tanto tempo num impenetrável mistério, etc.” Tentaram vender a sua “invenção” ao Exército dos Estados Unidos, não havendo qualquer sucesso porque os militares não chegaram a assistir a qualquer vôo... (9) Durante a festa do centenário da aviação promovida em 2006 nos EUA, a réplica do 14-Bis construída em São Paulo voou, enquanto a réplica do Flyer não. Isso significa que mesmo após 100 anos de polêmica, a aeronave produzida por Santos-Dumont é superior a dos Irmãos Wright e, mesmo que a aeronave dos Irmãos tenha sido "catapultada" antes, a que realmente voou foi a do brasileiro. CONCLUSÃO: A fim de que o assunto não fique mais alongado, conclui-se que a História não falha, a prioridade de Santos-Dumont é legítima, acima de qualquer dúvida. O ex-Presidente dos Estados Unidos quando esteve, há poucos anos atrás em visita oficial ao Brasil, numa entrevista concedida aos jornalistas em Brasília, disse que o “Pai da Aviação é Santos-Dumont”. Essa afirmação de Bill Clinton foi gravada, filmada e transmitida pelos canais de televisão. Os Wright, construtores de bicicletas, pensavam mais em obter dinheiro com a venda de sua “invenção”, do que doar à Humanidade o ideal da conquista do espaço. A imensa propaganda, desencadeada a partir de 1908, fez até velhos amigos franceses de Santos-Dumont terminarem por adotar a prioridade dos Irmãos Wright! Porém, Santos-Dumont é, por justiça histórica, o “Pai da Aviação”. Disso, ninguém poderá contestar!


fonte: http://www.jornallivre.com.br/142657/santos-dumont-x-irmaos-wright-a-polemica-do-primeiro-voo.html

postagem por: Sérgio Felix

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